quinta-feira, 5 de novembro de 2009

149, OS DOCUMENTOS DE IDENTIDADE

AS TRÊS "PEGADAS" PARA A HISTÓRIA

Dois livros e um filme registam para os tempos a História ímpar do Esq. de Cav. nº 149 no Norte de Angola entre 1961 e 1963 pouco após o rebentamento da Guerra Colonial.
Um, a " HISTÓRIA DO E. CAV. 149", editado ainda em Luanda em 1963 da autoria do Ten. Mil. Médico Dr. João Alves Pimenta. Livro escrito sobre os acontecimentos, no decorrer dos dias e em cima do desenrolar dos factos, é um relato cronológico descritivo tão preciso quanto permite a visão humana dos olhos que os viveram, presenciaram e observaram em directo. Sendo um retrato diário da actividade do Esquadrão, "possui alguns apontamentos pessoais e todos os assuntos são o fruto da minha observação ou da minha experiência", diz o autor. Dada a sua qualidade de médico cuidadoso e atento aos problemas dos Soldados, que acompanhava a par e passo com desvelo familiar, as suas observações pessoais sobre o moral e estado de saúde da Tropa são de grande riqueza psicológica e humana e mesmo as suas observações sobre a estratégia operacional são rigorosas e vão sempre no sentido de que, com tais medidas e tácticas, se evitem mais feridos e baixas. Os Soldados, o seu bem estar moral, psicológico e físico foi sempre o seu primeiro cuidado.

Num pequeno prefácio do livro escreve o autor: "O presente trabalho , ao evocar os diferentes estádios do E. Cav. 149 e a sua actividade em Angola, pretende ser um elo de ligação entre os seus elementos, após a sua desmobilização, mantendo no futuro, dentro do possível, o espírito de corpo e a camaradagem criada durante o tempo de comissão de serviço".
Se bem o pensou melhor ainda resultou, pois nas nossas confraternizações anuais, ainda hoje passado tantos anos, muitos Soldados levam consigo o dito livro para falar das operações e casos em que participaram directamente. E caso sintomático do êxito do seu testemunho escrito como "elo de ligação", que foi e é, está o caso de que, muitas e variadas páginas dos seus livros, que guardam religiosamente, têm passagens sublinhadas e anotações rabiscadas pelos próprios.



O outro, o "ESQUADRÃO 149, A GUERRA E OS DIAS", editado em 2003, da autoria de José Neves (pseudónimo de um Furriel Mil. do Esquadrão), com base na fiel descrição cronológica dos actos, ao longo do tempo e dos lugares e dos estados de alma da Tropa, feita no livro anterior, o autor deste tomou a liberdade de os relatar a todos, mais os de sua vivencia e observação pessoal, e sob uma forma escrita nova e mais livre de formalidades.
Essa forma de maior liberdade de expressão, sem contudo fugir da fidelidade aos factos, decidida enfrentar pelo autor, foi transformar cada facto num episódio e cada episódio num poema e, do conjunto dos poemas fazer um canto dos feitos do Esquadrão.
Este livro é, tal como o anterior, uma narrativa circunstanciada e cronológica dos actos do Esquadrão onde em cada desses actos se colocam os seus actores com os seus medos, sua coragem, suas emoções e seus sentimentos face à iminência do trágico e do absurdo. E para expressar todo este conjunto de estados de alma feitos de contradições tensas repentinas e imprevisíveis, nada melhor que tomar a liberdade poética para os temperar e os reproduzir elevando-os ao seu verdadeiro merecimento.
Diz o autor no preambulo, aos leitores que: "Neste livro o que menos nos importou foi o relato dos factos em sí mesmos mas interpretá-los sob o ponto de vista da condição humana da carne fraca ou da alma grande.




O terceiro grande documento testemunho forte de identidade do Esquadrão é o filme " NAMBUONGONGO A GRANDE ARRANCADA", com imagem e realização da equipa da RTP que nos acompanhou na arrancada desde o Ambriz para Nambuangongo, formada pelo jornalista Neves da Costa e o operador de câmara Serras Fernandes.
Este é, pela força da imagem, porventura, o rasto mais visível e espectacular deixado pelo Esquadrão em todo o período da sua Comissão de Serviço. Mais forte e espectacular porque se expressa pela força da imagem, o que torna o relato dos acontecimentos num facto sempre ao vivo mas, também e sobretudo, porque relata e vinca o episódio mais marcante e relevante de todo o percurso e actividades do Esquadrão: a arrancada com partida no Ambriz às 13.ooH de 26 de Julho de 1961 e chegada a Nambuangongo às 10.00H de 10 de Agosto seguinte.
Foi marcante para o Esquadrão e igualmente para a equipa da RTP que nos acompanhou, integrada hora a hora, dia e noite, na coluna e frente de combate, sempre prontos e atentos a recolher imagens da guerra tal qual ela acontecia ao vivo, no teatro de operações sem qualquer espécie de figuração. A experiência de convívio íntimo e perigos comuns vividos diariamente pelos homens da equipa de filmagem junto do Esquadrão, como Soldados de câmara sempe apontada foi tal que, face ao bravo comportamento dos Soldados e capacidade e eficiência de comando da Unidade, lhes mereceu um tal sentimento de apreço e reconhecimento de sua parte que ficaram amigos e se sentem indelevelmente ligados ao pessoal do Esquadrão com quem não dispensam de comparecer, confraternizar e comemorar todos os anos, na já tradicional reunião-almoço-festa de confraternização anual.
Numa entrevista dada, à altura existente, revista "Filme" de Abril de 1962, o então redactor do "Telejornal", Neves da Costa já dizia: " O que mais gostei de fazer, talvez por se adaptar melhor à minha maneira de sentir e viver a profissão, foi a reportagem que, como enviado especial da RTP, realizei em terras de Angola".



























































VER O FILME "A GRNDE ARRANCADA" AQUI


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