quarta-feira, 27 de novembro de 2024

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

POEMA ''JUBILADO" DO FUR. MIL. DO ESQ. 149 VICTOR RAMOS

 

Jubilado

O terminar da sobrevivência

Deixou pensamento devoluto,

Por força da pesada absência.

Interrogo-me, agora já não luto?


Não tenho de criar netos,

Não há horários a cumprir,

Sou velho para novos afetos,

Que faço para preservar sorrir?


Invento nova e serena ocupação!

Sirvo-me dos livros que li uma vez,

Ocupo o tempo. Que satisfação!

Desacelero a ordem de invalidez.


Não tenho para poeta talento,

Esforço-me em ser retratista.

Observo à minha volta, atento:

- Faço rimas a imitar aguarelista.


E assim me subtraí

A um vazio demolidor.

É o meu ego que ri!

Das rimas, que importa o valor?


Victor Ramos

Lisboa, 10 – 6 – 2022



POEMA ''ERGUE-TE MACAU'' DO MAJOR RUI COELHO ABRANTES



   POEMA DEDICADO ÀQUELES QUE NÃO DOBRAM A ESPINHA

 

Poema que nos foi entregue por D. Lourdes Abrantes esposa do nosso Comandante Cap. Rui Coelho Abrantes, no dia de sua homenagem no cemitério de Oeiras em 21.08.2024. 

Poema que se refere ao tempo em que o nosso Comandante do Esq. 149, já Major, era Comandante das tropas em Macau e, por questões de interpretação diferentes entre o que seria uma ordem para uma acção civil e uma acção militar com o então Governador Geral de Macau, levou à expulsão do patriótico militar de Macau e à instauração de um processo disciplinar militar que o levou à exclusão do Exército Português.

Após o 25A foi reaberto o dito processo e o nosso bravo e impoluto militar foi readmitido no Exercito Português com a patente de Tenente-Coronel.

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

HOMENAGEM AO COMANDANTE ESQUADRÃO Nº149, 1961-1963 ANGOLA, CAP. CAV.ª RUI COELHO ABRANTES

 

 

1. OEIRAS 21 DE AGOSTO 2024

 


 



 

Estiveram presentes:

D. Lourdes Abrantes, esposa do Cap. Abrantes e familiares

Os Snrs. Carlos Gaspar e o porta estandarte do Núcleo de Ex-Combatentes de Oeiras

O Ex-Combatente em Moçambique Domingos Ferreira


2. O Ex-Furriel Mil. Adolfo Contreiras leu, a propósito, o seguinte texto publicado em 10 de maio de 2007 no seu Blog APCGORJEIOS:

 

ASPECTOS DA TOMADA DE NAMBUANGONGO

Segundo Tito Lívio, após a vitória de Canas, Maárbal comandante da cavalaria, voltou-se para Aníbal e disse-lhe: "É indispensável que tires deste triunfo todas as consequências, que dele devem decorrer. Dentro de poucos dias deves jantar no Capitólio. Entendo que deves seguir quanto antes, eu te precederei com a cavalaria, de sorte que os Romanos venham a saber da minha chegada, antes de terem tido notícia da minha partida".
Aníbal recusou invocando tempo para meditar e refletir acerca da marcha sobre Roma.
Maárbal retorquiu: "Sabes vencer, Aníbal, mas não sabes aproveitar-te da vitória".

Em Julho-Agosto de 1961, em Angola, dos três Comandantes de forças militares empenhadas na tomada de Nambuangongo, apenas um teve a visão do general Maárbal e por coincidência também era o Comandante da coluna de cavalaria, o Esquadrão 149.

Ainda antes da grande arrancada do Esquadrão do Ambriz, foi enviado, em exploração do terreno, um pelotão que foi atacado no Cavunga a 53 kms e regressou de noite, temeroso e aflito, com alguns feridos ligeiros. Imediatamente, o Comandante, perante a perplexidade dos oficiais deu ordem para o mesmo pelotão se preparar e avançar de novo para explorar a vitória do Cavunga sem dar tempo à recomposição defensiva do inimigo.

Este episódio deu discussão acesa entre Comandante e Alferes que atrasou horas o arranque do Esquadrão e foi motivo de duradoura discórdia entre ambos, embora o Alferes reconheça hoje a razão e justeza militar do sacrifício pedido, face ao sinal que tal ato arrojado representava quer para o inimigo quer para o interior da Unidade. Hoje o Alferes pode orgulhar-se de ter sido o primeiro a passar as portas da guerra, com feridos mas com sucesso e homens receosos mas confiantes combatentes já iniciados no fogo de combate.  

Já houvera precedentes mas este foi o sinal claro da estratégia geral que estava na cabeça do Comandante e um aviso inequívoco de atuação futura dado a todos os oficiais, sargentos e praças sob seu comando. A surpresa era a tática diária, explorar em força cada vitória era a estratégia geral até ao objetivo final. Em Quimbunbe, após um segundo acampamento e analisada a atuação, forças e armamento do inimigo, o Comandante decide avançar de noite e dia sem parar, exatamente no sentido de chegar junto do inimigo antes que este soubesse da sua partida. E sobretudo estar sempre pronto a carregar sobre o inimigo e fazê-lo recuar mesmo que este infligisse feridos e mortos como aconteceu na batalha de Zala. Com tal rapidez e força de pressão contínua não foi possível ao inimigo colocar mais abatizes e alçapões na picada e de noite tornou-se inofensivo. 

Constatado o sucesso prático do uso da estratégia definida, após um dia em Zala para hastear bandeira, com parada a rigor de Soldados sujos e sorridentes, rotos e ratos de guerra, no Posto Administrativo local, o Comandante quer impor a marcha imediata para Nambuangongo, mas aqui a voz dos subalternos foi mais forte devido aos feridos, à fadiga geral e sobretudo à falta de munições. O Comandante pensou arrancar com as condições existentes e uma força menor desde que pudesse contar com o pelotão adido de blindados ligeiros dos Dragões de Luanda, mas este não aderiu e o Esquadrão ficou em Zala outro dia para ser reabastecido por via aérea através duma pista de terra capinada no momento. Na arrancada final de Zala para Nambuangongo manteve a mesma determinação de fazer a caminhada de noite e dia sem parar e foi confirmado o facto de que o inimigo estava impotente e sentia-se batido pois limitou-se a observar de longe a nossa progressão sem intervir.   

O Esquadrão 149 não foi o primeiro a jantar em Nambuangongo, tomou o pequeno almoço depois do jantar do Batalhão 96, mas, também, esta Unidade havia iniciado a operação dias antes e desobstruíra um percurso mais curto. E foi notório e sentido pela tropa das duas Unidades em marcha sobre o objetivo final, que o Estado Maior da Operação Viriato se serviu da atuação fulgurante do Esquadrão 149, estimulando a competitividade para ser primeiro e obter os louros da conquista, às tropas mais próximas e assim atingir em tempo útil o objetivo militar que correspondia ao objetivo político da altura*.

Por natureza própria ou por conhecimento e estudo, o Comandante Capitão Rui Abrantes, professor de tática na Academia Militar, demonstrou na prática ter as qualidades e visão estratégica do grande Maárbal, pela lucidez em analisar as potencialidades próprias e do inimigo, pela argúcia, sagueza e capacidade estratégica, pelo comportamento exemplar na frente de combate, pelo respeito militar e humano quer frente aos seus homens quer perante o adversário, desde o primeiro dia conquistou a disposição e entrega total dos seus Soldados face a qualquer situação. E todos confiaram e corresponderam tão pronto, decidida e abnegadamente sob constante perigo de vida, que os regressados ilesos se sentem heróis vivos resgatados da companhia dos heróis feridos e mortos em combate, pela conduta, coragem e moral impostos, desde a primeira hora pelo comando do Esquadrão.

Comando esse, especial e militarmente protagonizado exemplarmente por esse grande Cabo Militar que foi o Cap. Cav. Rui Coelho Abrantes, hoje, e aqui, homenageado pelos militares seus subordinados ainda vivos.

A ele, o nosso muito obrigado, com saudade.


* Naqueles dias debatia-se na ONU a questão de Angola e era urgente um argumento forte como o de total libertação do norte de Angola do domínio da UPA.

 

sábado, 14 de setembro de 2024

ESQ. 149 - ENCONTRO DE CONFRATERNIZAÇÃO 2024



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Mais um ano mais um novo encontro dos camaradas combatentes do nosso inigualável Esquadrão nº 149 em Angola entre 1961 e 1963.

Vamos novamente encontrarmos, vermo-nos, falarmos uns com os outros e trocarmos as nossas histórias da guerra que as há muitas e fantásticas e que ficaram para sempre gravadas em nossas memórias. Vamos lembrar e homenagear os nossos tombados em combate e todos que entretanto deixaram a nossa companhia mas também nos deixaram o dever de camaradagem de os lembrar e reconhecer. Afinal todos, de algum modo, contribuíram para a nossa defesa e memória comum que comemoramos nestes encontros.