segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

UMA AVENIDA PARA O Dr. JOÃO ALVES PIMENTA

Ten. Mil. Médico Dr. João Alves Pimenta
 
 
 
 
 Pintura de Bárbara Reis do Aqueduto de Água de Évora sob o qual passa, a brevemente designada, Av. Dr. João Alves Pimenta

 

Tenho comigo uma nota de imprensa que diz o seguinte:

 A Câmara Municipal de Évora aprovou o Topónimo" Av. Dr. João Alves pimenta", no seguimento da proposta apresentada pelo PSD no dia 13 de Julho de 2022, e de um abaixo assinado encabeçado pelo médico Hélder Ornelas.

Segundo o Partido Social Democrata, o Dr. Pimenta, como era conhecido, era uma "pessoa de uma grande generosidade para com os concidadãos e participou também ativamente na vida pública  e associativa da cidade".

A avenida que terá o nome do médico  fica na circular à muralha, entre as Portas de Aviz e as Portas de Lagoa.

João Alves Pimenta, era natural de Ponte de Sor, médico especialista de obstetrícia e Ginecologia, tendo falecido a 7 de novembro 2021, com 90 anos.

Ocupou os postos de Diretor Clínico do Hospital de Évora, (e também, acrescentamos nós, do Hospital de Almada) tendo sido professor durante cerca de três décadas na Escola Superior de Enfermagem de São João de Deus, na cadeira de Obstetrícia  e Ginecologia, na qual também fez parte do Concelho Científico.

Como professor, foi responsável pela formação de centenas de enfermeiros e pela especialização de médicos em ginecologia e  obstetrícia.

João Alves Pimenta foi o primeiro Governador Civil em Évora em democracia, ocupando o cargo entre 1974-1975.

O Dr. Pimenta chegou a ser agraciado com a Medalha de Mérito Municipal - Classe Ouro, pela Câmara de Évora, e também pelo Ministério da Saúde, Medalha de Mérito, Classe Ouro.

Aposentou-se da função pública em maio de 2001 com 70 anos, por imperativo da lei, contudo manteve a sua atividade clínica e cirúrgica, no Hospital da Misericórdia de Évora, até ao dia 30 de dezembro de 2014.

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Nós, do Esquadrão de Cavalaria 149, que tivemos o privilégio da sorte que, em boa hora, nos trouxe o Dr. Pimenta para nosso companheiro de guerra durante vinte e oito meses em Angola, temos o dever de acrescentar ao testemunho da vida civil do homenageado o nosso testemunho de sua vida militar, para mais, na difícil situação de estado de guerra.

Para nós o Dr. Pimenta foi uma pessoa de uma entrega total e igual a todos os militares do Esquadrão que, indiferente, a raças, cores ou patentes se dedicava ao tratamento e cura dos feridos e doentes como se todos fossem seus irmãos, incluindo as mães-pretas quando era chamado a fazer partos difíceis na sanzala, de dia ou de noite, para salvar vidas.

O Dr. Pimenta naquele tempo, integrado numa comunidade militar sob constante perigo de guerra, não praticou a generosidade junto dos militares, pois, a sua natureza generosa de qualidades humanas fez, naquele contexto, que ele fosse muito além do generoso para ser, junto de nós, não só, o médico sempre pronto e dedicado como fazendo de pai, mãe ou de irmão mais velho conforme a situação, caso a caso.

Ele tratou os feridos, os doentes e os sãos olhando, sempre primeiro, pelo melhor bem estar físico e moral dos tropas fazendo regulares inspeções médicas e recusando enviar para o mato quem não estivesse completamente apto. E aos que detetava, com olho de clínico psiquiátrico, com sintomas de estar a ir-se abaixo receitava uns dias em Luanda para retemperar, recuperar saúde e moral humano.

Com apenas um "hospital de campanha" que cabia num pequeno atrelado de jipe, O Dr. Pimenta com garrotes, lancetas e à luz de lanternas ou gambiarras operou, parturiou, tratou e salvou vidas humanas com a mesma naturalidade, humanidade e dedicação como se estivesse na melhor clínica ou hospital do mundo.

O Dr. Pimenta, sendo à vista desarmada um homem normal era, na realidade, de uma invulgar natureza humana predisposta a praticar o bem e ajudar o outro em qualquer situação. E fazia-o pensando humanamente no melhor para o outro em detrimento do seu próprio interesse.                                          Ele que, já era médico há vários anos, por motivo de várias recusas de médicos mais novos mas que por meio de fortes "cunhas" se livraram da mobilização, chegou a vez dele e, como mais velho, foi mobilizado como Tenente Miliciano, a certa altura da comissão em Angola convidaram-no para ser promovido a Capitão mas, como tal implicava ter de abandonar o Esquadrão recusou, pois, preferiu estar connosco até ao fim. Ele mesmo um dia nos confirmou esta confissão. Nesta atitude invulgar vê-se o carácter ímpar da personagem Dr. Pimenta e o forte laço humano que o ligava à sua comunidade militar por si considerada como sua família e, nós, reconhecidos, considerava-mo-lo pai, mãe, irmão, confidente, amigo conselheiro e sempre o nosso médico, conforme a natureza do nosso caso.                                                                                                                                                                   

Ao contrário do inimigo, guiado pelos feiticeiros "quibandas" falsos, fomos nós, os do Puto e do Esquadrão Cav. 149, que tivemos a honra de ter connosco o sábio "mágico", verdadeiro e bom.

Por tudo isto e mais, que só quem conviveu com ele pode sentir, foi que o Ten. Mil. Médico Dr. João Alves Pimenta foi condecorado com a Medalha de Prata de Serviços Distintos com Palma pelo General Comandante da Região Militar de Angola e, por nós, foi elevado ao mais alto pedestal de nossa memória.  

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