quinta-feira, 18 de abril de 2019

MEMORIAL, HOMENAGEM AOS COMBATENTES NEXENSES II




Após terem sido detectados a existência de mais combatentes na Freguesia de Santa Bárbara de Nexe foi decidido fazer nova placa de nomes gravados incluindo todos os novos combatentes agora reconhecidos.
Foi também melhorada a inscrição feita dos nomes, agora, em colunas verticais o que permite um destaque adequado para um encontro e leitura ácil.
E, mais uma vez, foi decisivo o trabalho voluntário, a vontade conta a indiferença, o gosto contra o desleixo, a dedicação contra o desprezo, o fazer contra o falar do sempre eficiente e sempre combatente José Coelho Mestre; o Cardona da minha Terra.
O nosso camarada José Neves do Esq. 149 leu a fechar a cerimónia junto ao Memorial o seguinte poema:

SER COMBATENTE 

Estamos de novo reunidos em acto reverente
perante este Memorial que nos respeita
a memória viva de Soldado sempre presente
gravada na pedra a mais bela forma eleita
de legar aos vindouros a inapagável gente
valorosa que deixou marca de coragem feita.

Pode parecer coisa pouca participar apenas
na guerra mas nela a vida joga-se no instante
de arrepiar dos tiroteios e da bala rasante
que de repente tomba vidas plenas
que foram promessas de futuro radiante
e volveram lutos e lágrimas de piedosas cenas.  

A guerra é o medo e a incerteza de estar vivo 
em cada dia e de sair ileso em cada combate
é o viver de alma aflita e do medo cativo
é viver entre chuva de balas e nenhuma o mate
é comer o pó das picadas sob o sol agressivo
a ração fria diária que era da fome um resgate
é expor a via à morte sob o falso imperativo
que obriga o Soldado a ser carne para abate.

E ser herói também é ser um sobrevivente
que foi a todo perigo de morte submetido
onde só a sorte de um acaso inconsciente 
ditava quem era herói vivo ou herói caído
quem era chamado à terra ou ficar de pé frente
à luta de arma pronta e pronto erguido
firme na defesa do camarada ao lado
porque ser herói e ser Soldado
tem como primeiro valor e condição exigente
mais que ter ido à guerra é ter sido combatente.


José Neves, Fur. Mil. combatente 
do Esq. Cav, 149, Angola 1961.1963