terça-feira, 4 de dezembro de 2012

ZALA, BATALHA FINAL




A 5Ago1961, com base no aquartelamento de Quimazangue, desde madrugada fizeram-se duas surtidas com efectivo de Pelotão reforçado, em direcção a Zala. Embora com o apoio das viaturas a progressão fazia-se a pé muito lenta e cautelosamente com prévio reconhecimento por tiro das margens da mata, naquele local muito densa.
Destas incursões para testar o inimigo e desbravar caminho, a nossa Tropa sofreu vários ataques dos quais resultaram 5 feridos sem gravidade.


A 6Ago1961, saída do Esquadrão completo de Quimazangue para o assalto definitivo a Zala. Novamente o inimigo, disposto nas matas ao longo das margens da picada, nos obrigou a fazer a progressão apeados ao lados das viaturas fazendo tiro de reconhecimento e prevenção quase ininterruptamente.
As viaturas blindadas do Dragões de Luanda abriam o caminho na frente. O Cap. Abrantes, de Uzi ao ombro e em estilo de passeio encenando uma exibição contra o medo dava o exemplo aos Soldados, seguia pelo meio da picada incitando e encorajando os Soldados e gritava para que entrassem dentro da mata, destroçassem o inimigo e o perseguissem.     
O inimigo teve de recuar para o interior da mata impossibilitado de atacar das margens da picada com os canhangulos. Flagelaram a nossa Tropa do alto dos morros afastados com algumas armas automáticas. Nesta batalha ouviram-se mais que em outras o "cantar" das FBP que o inimigo havia tomado em Março nos Postos Administrativos e que nós já conhecíamos de cor mal soavam.
Desta batalha foram avistados elementos do inimigo em fuga e, posteriormente foram confirmadas baixas no inimigo.



Ao cair da noite o inimigo, impotente para nos travar, havia desistido do combate e a nossa Tropa pode ocupar Zala à vontade onde estabelecemos novo acampamento geral.


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A nossa Tropa avançava a pé ao lado das viaturas
à velocidade de poucos metros por hora,
pela picada estreita na mata cerrada, que não deixava ver de fora
para dentro, nada, além de sombras e manchas escuras
o que intimidava os Soldados, tanto como o intenso tiroteio
e as balas, que vindas de todos os lados, zumbiam rente ao ouvido.
Até que o Capitão, vindo de trás para a frente e pelo meio
da coluna, Uzi às costas, óculos, capacete, aprumado e bem vestido
gritou aos Soldados, alto, forte e feio, como uma besta,
que entrassem na mata adentro, vinte ou trinta metros,
para evitarem que a tropa inimiga, os pretos,
nos atacassem de perto, na orla da floresta.
Ordem imediatamente aceite e cumprida pelos Soldados
e que se mostrou acertada e deu bons resultados,
pois logo se viram, entre duas matas, numa clareira,
vários inimigos de armas na mão, fugindo na carreira.


Do livro "Esquadrão 149-A Guerra e os Dias" de José Neves.

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