quarta-feira, 10 de agosto de 2011

MEMÓRIA DE 10 DE AGOSTO DE 1961(*)


NAMBUANGONGO

Percorreram-se, desde Zala a Nambuangongo, 44 quilómetros de marcha contínua, realizando-se a progressão em lances alternados, com o apoio do pelotaão de artilharia que progrediu por escalões. Atingiu-se Nambuangongo às 9 horas de 10 de Agosto de 1961. Durante o percurso levantaram-se imensos "abatizes", destruiram-se instalações inimigas e beneficiou-se uma antiga passagem a vau no Rio Uembia, a 6 quilómetros do objectivo final, por a ponte existente se encontrar danificada, não permitindo o trânsito das viaturas.

Na povoação de Nambuangongo fez-se a ligação com o Batalhão de Caçadores nº96, que alí se encontrava desde as 17 horas do dia 9 de Agosto de 1961, procedeu-se à instalação do pessoal do E. Cav. 149 e deu-se-lhe merecido descanso.

Eram percorridos 180 quilómetros desde Ambriz, numa estrada eriçada de dificuldades, onde campeavam "abatizes" e valas que foi preciso remover e tapar; beneficiaram-se e construiram-se vários pontões; e transitamos por uma zona de população indígena sublevada e activa, como verificamos pelo número de acções realizadas. Mas, com uma vontade férrea, feita à custa de sacrifícios, de auto-domínio e da orientação imprimida pelo comandante da coluna, atingimos, em 16 dias, a que outora fora a povoação de Nambuangongo, transformada em escombros pela fúria destruidora do inimigo.

Sentiamo-nos cansados, mas felizes e cada um de nós fervilhava de orgulho por ter sabido cumprir a honrosa missão para que fora chamado.

Ao contrário do que aconteceu com as outras unidades que progrediram em direcção a Nambuangongo (Bat.96 e Bat.114), que sofreram ataques em massa, o Esq. Cav. 149 não permitiu esses encontros. Foi das três, a unidade mais rápida a progredir e, além disso, actuou no sistema de não criar hábitos que pudessem servir de referência ao inimigo. Nunca estacionou mais de três dias na mesma posição e iniciou a técnica da progressão nocturna.
Estes aspectos, aliados ao tiro de reconhecimento e ao tiro de apoio realizado pelo Pelotão de Artilharia 8,8, durante a progressão, o efeito de surpresa alcançado pelas acções realizadas contra o quartel da Cavunga, devem ter provocado ao inimigo não só desmoralização, como não permitiram a sua organização eficaz, pelo que este passou a actuar no sistema único de emboscadas, servindo-se de abrigos, ou beneficiando das condições do terreno, furtando-se a todo o contacto.

(*) - Do livro "História do Esq. Cav. 149" do Ten. Mil. Médico, Dr. João Alves Pimenta.
Editado em Luanda, 1963.

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