sábado, 29 de junho de 2013

CONFRATERNIZAÇÃO 2013



Como era de nossa marca um militar do 149 só não ia ao combate se o Dr. Pimenta o desse como incapaz de saúde.
Do mesmo modo, também agora, apesar dos anos nos terem fragilizado a antiga força e vontade, só não deve ir á nossa confraternização habitual de cada ano quem estiver mesmo impossibilitado de todo. Porque, a nossa reunião e convívio anual para recordar tempos inesquecíveis da nossa juventude em tempos de vida ou morte, são o mais eficaz medicamento contra as nossas maleitas. 
E porque somos cada vez menos a confraternizar são cada vez mais os que lá do alto nos observam e esperam pelo nosso dever de os recordar e homenagear. 

ASSIM, CARO AMIGO CAMARADA DO E.CAV149.

AGENDA JÁ ESTA DATA : Sábado, 12 de Outubro de 2013

Convívio 2013 do Esquadrão de Cavalaria 149 (Os morcegos)

Restaurante - "O MANJAR DO MARQUÊS"

Situado em Pombal

Em Setembro, o nosso inigualável organizador camarada Cardona enviará o convite individual e croqui de localização pelo correio.

O COGNOME

OS 
MORCEGOS


Este é o velhinho, gasto pelo tempo e uso intenso, emblema usado na manga dos homens do Esq. Cav. 149 depois da campanha de Nambuangongo.
Quando em 01/Ago/61, após o acampamento na Fazenda Matombe, o Comando decidiu tomar a iniciativa arriscada e inovadora de avançar em progressão contínua noite e dia sem acampar, tal decisão deu origem a que entre os Soldados se começasse a falar de sermos como os morcegos. E como se passou a progredir mais de noite que de dia a ideia de que éramos como os morcegos alargou-se a todo o Esquadrão e ganhou consistencia como mais um motivo de orgulho e, sobretudo, tomado como mais um reforço para a força anímica e moral da Tropa. 
Desse modo, logo que terminada a campanha de Nambuangongo, Quipedro e Pedra Verde, chegados ao Caxito o próprio Comando, sempre atento aos pormenores de auto-estima dos Soldados, encomendou a uma bordadeira de Luanda a feitura dos emblemas do Esquadrão 149 tendo como símbolo o morcego em homenagem à iniciativa táctica invulgar que, sendo nosso emblema, foi também sempre a imagem do nosso modo de actuar durante toda a comissão de serviço em Angola.  

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Depois da estratégia estabelecida
de não dar descanso ao inimigo,
avançando noite e dia, sempre em partida,
tendo a viatura, a arma e o instinto como abrigo,
passámos noites e dias e noitadas
em cima e debaixo das viaturas.
E, tanto estavam as nossas Tropas habituadas
que, já melhor que os dias eram as noites escuras,
porque à noite as Tropas não eram atacadas,
tornando os Soldados mais audazes e afoites
sem tiros e desassossegos.
Os nossos melhores dias eram as noites,
à semelhança daqueles não-pássaros negros
chamados morcegos.
E sendo assim, justo se impunha 
que "Morcegos" fosse a nossa alcunha.

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Do livro "Esquadrão 149, a Guerra e os Dias" de José Neves. 

A BOINA DE GALA

BOINA DE MEMÓRIAS

 

Esta boina com orelhas pertencia à farda de caqui que era igualmente a farda de gala para as Tropas no Ultramar. Para nós, Esq. Cav. 149, que fizemos toda a comissão de serviço no Norte em Zona de Guerra, tal farda e boina nunca mais foi utilizada depois do embarque em Lisboa.
Os militares usaram-na para inscrever nela as localidades por onde passavam ou acampavam e onde ocorrera casos de ataques ou outros especiais com valor para memória futura.
É hoje uma recordação viva desse tempo e desses momentos de guerra tão duros e carregados de perigos, medos e incertezas tais que ainda hoje é um alívio e um conforto recordá-los.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

GRANDE ARRANCADA, NAMBUAMGONGO II

A PRIMEIRA VICTÓRIA

Em 2011, 50 anos após a tomada de Nambuangongo em 1961, o Cor. Rui Abrantes concedeu ao Fur. Mil. do Esq. 149 Adolfo Contreiras uma entrevista sobre a Operação Viriato relativa à reocupação daquela povoação considerada pelos rebeldes da UPA como a Capital do Estado Livre do Congo Angolano.
O Cor. Rui Abrantes recorda como o então Cap. Comandante do Esq. Cav.149 ainda em Lisboa, tendo ouvido falar da importância militar e política da tomada de Nambuangongo, pensou no assunto e desembarcou em Luanda com vontade e decidido a participar nessa missão difícil e arriscada.  
Enviado o Esq. para o Caxito onde receberia missão do Comando do Sector 3 sediado na Fazenda Tentativa, no mesmo dia de chegada recebeu ordem de montar uma emboscada nessa noite a uma suposta descida sobre o Comando do Sector 3, e em direcção a Luanda, de milhares de combatentes da UPA que na véspera haviam atacado em massa o Bat.114 na ponte de Anapasso sobre o Rio Lifune fazendo alguns mortos e feridos e infundindo respeito.
A demonstração de capacidade de prontidão do Esq. 149 e a temeridade de colocar-se na frente de milhares de tropas inimigas e esperar de mão firme uma noite inteira deitados de arma apontada numa clareira da mata prontos a enfrentar tal coluna humana inimiga, foi de uma coragem e bravura invulgar. De salientar que os Soldados do Esq.149 tinham desembarcado havia dias e naquela altura ainda não tinham disparado um tiro na guerra. O Cap. Abrantes, ele próprio, esteve à frente e ao Comando das Tropas emboscadas.
É certo que o inimigo não compareceu como indicavam as informações recolhidas pelo Estado Maior do Comando do Sector 3, mas também não se sabe se não foi devido, precisamente, à movimentação rápida e à noite das nossas Tropas decididas a enfrentá-los, que o inimigo temeroso evitou o confronto. De qualquer modo o pessoal do Comando do Sector 3 instalado na Tentativa ficou descansado e pode dedicar-se sossegado à sua tarefa operacional de planear as missões das tropas na ZIN, Zona de Intervenção Norte.
No dia seguinte o Cap. Abrantes recebe a tão esperada e desejada missão de desobstruir o Caminho até Zala e se possível atingir Nambuangongo.
O Comandante Cap. Rui Coelho Abrantes, professor de táctica na Academia Militar, tinha obtido a sua primeira victória na guerra. 



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Entrincheirados atrás dos capacetes de aço,
estendidos ao longo do cume da colina,
perscrutando a noite e o silêncio que retina
no corpo de alto a baixo,
o peito colado à terra, senti-a estremecer,
(ou seria o coração aos saltos a bater?)
do medo que faiscava no espaço
que ia da cabeça dos Soldados a Anapasso
onde se dera terrível combate frente-a-frente,
entre espingardas tiro-a-tiro
e canhangulos e catanas braço-a-braço,

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aguardávamos irrompesse uma mole de Gungunhamas
armados de FBP, canhangulos, paus e catanas.
Somente se ouvia o ruido do silêncio cavo
da floresta, ou o pisar de algum bicho bravo.
O pensamento, denso como bala, reflexivo como diamantes
alterava-se, imprevisível, como corsa perseguida
aos saltos, como quem luta pela vida e a morte enxota.
Assim tensos, à espera da nossa terrível e temida
Aljubarrota,
passaram anos em instantes.

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Excertos do poema "Baptismo" do livro "Esquadrão 149 -A Guerra e os Dias" de José Neves.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

A GRANDE ARRANCADA, NAMBUANGONGO

OBJECTIVO E DETERMINAÇÃO

Ainda antes da arrancada para a tomada de Zala o Comandante Cap. Rui Abrantes deu esta entrevista ao repórter da RTP Neves da Costa, integrado na coluna militar chefiada pelo Esquadrão 149, na qual é patente a determinação e coragem imparável de atingir o objectivo; nem que fosse preciso prescindir das viaturas e avançar apeado.