quarta-feira, 23 de outubro de 2024

POEMA ''JUBILADO" DO FUR. MIL. DO ESQ. 149 VICTOR RAMOS

 

Jubilado

O terminar da sobrevivência

Deixou pensamento devoluto,

Por força da pesada absência.

Interrogo-me, agora já não luto?


Não tenho de criar netos,

Não há horários a cumprir,

Sou velho para novos afetos,

Que faço para preservar sorrir?


Invento nova e serena ocupação!

Sirvo-me dos livros que li uma vez,

Ocupo o tempo. Que satisfação!

Desacelero a ordem de invalidez.


Não tenho para poeta talento,

Esforço-me em ser retratista.

Observo à minha volta, atento:

- Faço rimas a imitar aguarelista.


E assim me subtraí

A um vazio demolidor.

É o meu ego que ri!

Das rimas, que importa o valor?


Victor Ramos

Lisboa, 10 – 6 – 2022



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