SARGENTO LEITÃO
2º SARGENTO LEITÃO MILITAR
Do perfil militar feito pelo próprio de forma simples, concisa e sumária ressalta notoriamente o orgulho do Nosso 2º. Sargento Leitão na sua carreira de Soldado Recruta até Capitão e sobretudo pelo facto de ter pertencido ao Nosso Esquadrão de Cavª. Nº. 149.
Ele faz menção de destacar que a mais rica e forte experiência militar de que tem uma Memória inesquecível é precisamente a sua passagem pelo Esq.149 que, para ele tal como para todos nós foi, para além de uma guerra militar de vida ou morte com balas a sério foi também uma Escola de formação militar segundo o melhor código e regras de conduta humana sob guerra quer para Soldados de carreira quer, inclusive e especialmente, uma importante Escola de formação cívica e ética para os Soldados aldeões simples obrigados à guerra sem apelo.
Realmente, e como nos disse um dia o Dr. João Alves Pimenta nosso médico do Esquadrão 149, a nossa passagem pela guerra em Angola deixou-nos mais conscientes, melhor preparados, mais maduros e mais fortes para enfrentar as agruras da vida prática diária no futuro.
De certo modo isso comprovou-se posteriormente na vida civil dos nossos Soldados Combatentes sem casos graves psico-traumáticos e com vidas civis bem sucedidas. No seu mui-sucinto auto-perfil biográfico de Homem Militar conta-nos que;
A sua postura e comportamento Militar como 2º Sargento de Transmissões do Esquadrão Cav. 149 é contada, resumida e sistematizada de forma inapagável e indesmentível nos sucessivos louvores que lhe foram atribuídos pelo Comando do Esq. Cavª. 149, repetidos e consagrados pelas instâncias Militares Superiores, até à sua condição de herói de guerra condecorado.
Precisamente um mês depois do desembarque em Luanda e apenas doze dias depois da partida do Esquadrão do Ambriz com a missão; "Zala... se possível Nambuangongo" e já o nosso Sargento Leitão arquivava a (OS/4 - ECav.149, de 07Ago61) Ordem de Serviço 4 de 07 de Agosto de 1961 ditada pelo Cap. Cav. Rui Coelho Abrantes Comandante do Esquadrão.
Está ao lado do Tenente Médido Dr. João Alves Pimenta, do Alferes José Manuel Júdice Pontes e do seu grande amigo 2ºSargento Manuel de Sousa nosso primeiro morto tombado na picada em combate cujos primeiros louvores constam na mesma Ordem de Serviço.
Tínhamos acabado de mudar das Mabubas para o novo aquartelamento do Caxito (04.11.1961) e o nosso Sargento Leitão era agraciado com novo louvor pelo Comando do Esquadrão 149 pelo seu desempenho nas Transmissões durante a Operação Viriato, tomada de Nambuangongo.
E em 19 de Maio de 1962 o Comando do Sector 3 sediado na Fazenda Tentativa Louva pela 3ª vez o nosso Sargento Leitão cujo Louvor é subscrito pelo Comando do Esquadrão Cap. Abrantes em 29 de Maio de 1962.
Neste documento compilado pelo Sargento Leitão no seu "Diário de Guerra" em Santarém 20 de Setembro de 2005 (44 anos depois), o Comandante do Esq. 149 Cap. Abrantes reconhece o alto prestígio alcançado até 12 de Março de 1962 pelo nosso 2º Sargento Leitão junto do Comando do Sector 3 (comando da ZIN - Zona de Intervenção Norte).
Por Portaria do Governo da República de 29 de Novembro de 1962 o Ministro do Exército Louva o nosso 2º Sargento Leitão do Esq. Cav.ª 149 pelo seu desempenho em todas as Operações que tomara parte activa mesmo em "missões estranhas ao seu serviço".
O Comando do Esq. 149 confirma e publica esta Portaria na OS/6-QG/RMA de 18Jan63.
Todo este percurso preencheu uma brilhante "Folha de Serviços", correspondente a uma carreira Militar exemplar e única e, inevitavelmente, elevou o Nosso 2º Sargento Leitão à gloria de Herói de Portugal.
Merecidamente.
2º SARGENTO LEITÃO FOTÓGRAFO
Paralelamente e sem beliscar em nada a dedicação à sua vida militar o 2º Sargento Leitão desde a primeira hora de mobilizado deu vida prática a uma sua velha inclinação natural para a fotografia como repórter amador.
Amador como 2ª ocupação que não em qualidades naturais e sobretudo em bom gosto fotográfico para realizar um trabalho notável de repórter de imagem durante toda a Comissão de Serviço do Esq. 149 em Angola.
Sempre equipado e acompanhado da sua Rolex percorreu as picadas do mato e instalou uma Câmara Escura em todos os locais de acampamento para poder produzir as fotografias que são hoje um dos maiores acervos fotográficos daquele tempo de guerra em Angola.
O seu entusiasmo era tanto que pedia ao Cap. Abrantes para participar em Operações militares de elevado risco de vida, sem que nada o obrigasse a isso, apenas guiado pela ideia valorosa de registar a história daqueles tempos e captar num momento-instante especial que pudesse acontecer a dor e violência da guerra.
Nenhum repórter profissional teria feito melhor e com mais sensibilidade como o fez o engenhoso e meticuloso 2º Sargento Leitão Artista de Transmissões e Imagem como fotógrafo oficioso do Esq. Cav.ªa 149 entre 1961 e 1963 em Angola.
DE ALCÂNTARA, LISBOA ATÉ "ZALA... TALVEZ NAMBUANGONGO"
EMBARQUE EM ALCÂNTARA, LISBOA 1
EMBARQUE EM ALCÂNTARA, LISBOA 2
EMBARQUE EM ALCÂNTARA, LISBOA 3
EMBARQUE EM ALCÂNTARA, LISBOA 4
EMBARQUE EM ALCÂNTARA, LISBOA 5
EMBARQUE EM ALCÂNTARA, LISBOA 6
DESEMBARQUE EM LUANDA E NOS DRAGÕES
NA FAZENDA TENTATIVA
DA TENTATIVA PARA O AMBRIZ
ARRANCADA DE AMBRIZ PARA ''ZALA... TALVEZ NAMBUANGONGO''
28 MESES DEPOIS DE LUANDA ATÉ ALCÂNTARA, LISBOA, RC7
SER OU NÃO SER UM BOM MILITAR
Em princípios de 1961 o Comandante do Grupo Divisionário de Carros de Combate de Stª. Margarida chamou-me ao seu gabinete para me informar acerca de um louvor que me dera e ia sair na Ordem de Serviço do dia seguinte por ter sido o 1º do curso de Carros de Combate M47 e desse modo, disse, me limpar a Caderneta de 5 dias de Detenção que me havia dado 15 dias antes.
E, voltando-se para mim disse: - Você é o militar como eu gosto pois um bom militar tem de ter louvores e castigos -.
Na altura não lhe respondi nada pois quinze dias antes aquando dos 5 dias de detenção lhe disse que o tinham enganado e não era eu que devia ser castigado. Exaltou-se e pôs-me imediatamente fora do gabinete.
Mas agora posso dizer-lhe aqui que pode ter algum sentido prático o que ele considerava ser um bom militar. Faz aparentemente sentido contudo em qualquer uma das duas situações o militar subordinado louvado & castigado teve sempre razão nos dois casos e da parte do superior militar julgador houve sempre um erro de apreciação em uma das duas situações.
A razão estava do meu lado, quer quando fui castigado quer quando fui louvado; o Comandante do GDCC se Stª. Margarida é que se deixara enganar levado por aparências e relatos falsos.
Também com o Major Rui Abrantes se deu algo semelhante; Ele que como Comandante do Esq. 149 fora condecorado e feito herói nacional, mais tarde como Major Comandante das Tropas em Macau, acabou sendo expulso do Exército por efeito de, como Militar, se recusar a fazer papel de político.
Portanto aquele sentido expresso pelo meu Comandante em Stª. Margarida não passa de uma falácia da gíria de caserna que não corresponde à verdade do que é ser um Bom Militar.
Tanto o Comandante Abrantes foi sempre um grande e Bom Militar altamente considerado e correspondido pelos seus subordinados sem hesitação alguma, tal como eu, à minha reduzida escala de Furr. Miliciano, antes como Aluno da Escola de Sargentos Milicianos e depois como Furriel em Angola senti e tive sempre o respeito e o apoio decidido e dedicado quer dos camaradas de estudo quer dos homens da minha Secção.
Vem isto a propósito do que é ser ou não um Bom Militar.
Pois o 2º Sargento Leitão é o exemplo prático máximo do que verdadeiramente é ser um Bom Militar. Foi tão Bom Militar e tão particularmente um Militar Exemplar que desde Soldado Recruta até ao posto de Capitão foram anos e anos de tarimba e carreira feita a pulso usando sempre e apenas as suas capacidades de inteligência e qualidades militares e humanas de um Homem integro que teve sempre razão por mérito próprio.
Não deu sequer nunca qualquer hipótese ao erro de julgamento para ser depois compensado como moeda de troca pelos erros cometidos por maus juízes militares.
Não era do tipo "antes quebrar que torcer" mas antes daquele tipo em que os trabalhos e os casos se resolvem diligente e inteligentemente antes de atingirem qualquer ponto de rotura para quebrar ou torcer.
O seu grande Recurso Pessoal e Militar era puxar pela cabeça e Resolver.
Quando resolver, tal não era possível, informava sem falhas o que era necessário para poder Resolver.
E Resolvia.
Partiu de Soldado Raso e chegou a Capitão, se tivesse partido de Alferes por via académica teria chegado a General quaisquer que fossem as circunstâncias.
E, voltando-se para mim disse: - Você é o militar como eu gosto pois um bom militar tem de ter louvores e castigos -.
Na altura não lhe respondi nada pois quinze dias antes aquando dos 5 dias de detenção lhe disse que o tinham enganado e não era eu que devia ser castigado. Exaltou-se e pôs-me imediatamente fora do gabinete.
Mas agora posso dizer-lhe aqui que pode ter algum sentido prático o que ele considerava ser um bom militar. Faz aparentemente sentido contudo em qualquer uma das duas situações o militar subordinado louvado & castigado teve sempre razão nos dois casos e da parte do superior militar julgador houve sempre um erro de apreciação em uma das duas situações.
A razão estava do meu lado, quer quando fui castigado quer quando fui louvado; o Comandante do GDCC se Stª. Margarida é que se deixara enganar levado por aparências e relatos falsos.
Também com o Major Rui Abrantes se deu algo semelhante; Ele que como Comandante do Esq. 149 fora condecorado e feito herói nacional, mais tarde como Major Comandante das Tropas em Macau, acabou sendo expulso do Exército por efeito de, como Militar, se recusar a fazer papel de político.
Portanto aquele sentido expresso pelo meu Comandante em Stª. Margarida não passa de uma falácia da gíria de caserna que não corresponde à verdade do que é ser um Bom Militar.
Tanto o Comandante Abrantes foi sempre um grande e Bom Militar altamente considerado e correspondido pelos seus subordinados sem hesitação alguma, tal como eu, à minha reduzida escala de Furr. Miliciano, antes como Aluno da Escola de Sargentos Milicianos e depois como Furriel em Angola senti e tive sempre o respeito e o apoio decidido e dedicado quer dos camaradas de estudo quer dos homens da minha Secção.
Vem isto a propósito do que é ser ou não um Bom Militar.
Pois o 2º Sargento Leitão é o exemplo prático máximo do que verdadeiramente é ser um Bom Militar. Foi tão Bom Militar e tão particularmente um Militar Exemplar que desde Soldado Recruta até ao posto de Capitão foram anos e anos de tarimba e carreira feita a pulso usando sempre e apenas as suas capacidades de inteligência e qualidades militares e humanas de um Homem integro que teve sempre razão por mérito próprio.
Não deu sequer nunca qualquer hipótese ao erro de julgamento para ser depois compensado como moeda de troca pelos erros cometidos por maus juízes militares.
Não era do tipo "antes quebrar que torcer" mas antes daquele tipo em que os trabalhos e os casos se resolvem diligente e inteligentemente antes de atingirem qualquer ponto de rotura para quebrar ou torcer.
O seu grande Recurso Pessoal e Militar era puxar pela cabeça e Resolver.
Quando resolver, tal não era possível, informava sem falhas o que era necessário para poder Resolver.
E Resolvia.
Partiu de Soldado Raso e chegou a Capitão, se tivesse partido de Alferes por via académica teria chegado a General quaisquer que fossem as circunstâncias.
CAPITÃO AVELINO JOSÉ LEITÃO
1931 - 2018
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