A missão que nos fora atribuída pelo Comando do Sector 3 na Fazenda Tentativa, e então só revelada aos Oficiais, integrava a Operação "VIRIATO", cuja finalidade era a desobstrução do eixo que vai de Ambriz a Nambuangongo passando sucessivamente por Cavunga, Quimbumbe, Quimbumba, Casa Aberta, Bela Vista, Fazenda Matombe, Quimazangue, Zala e, finalmente o troço Zala-Nambuangongo, num percurso total de 180 Kms sempre em picada que, desde 15 de Março de 1961, nunca mais pisada por civis ou tropa.
Em Ambriz, tratou-se febrilmente dos preparativos para a "Grande Arrancada", como haveria de ficar conhecida em filme a partir das reportagens da equipa da RTP constituida pelo jornalista Neves da Costa e operador de imagem Serras Fernandes, que nos acompanharam em todo o percurso até Nambuangongo.
Fez-se o reconhecimento aéreo do terreno e uma operação experimental de reconhecimento com um pelotão do 149 e outro da Comp.ª de Artilharia nº 119, aquartelada em Ambriz desde Maio de 1961, conhecedora do terreno, que regressaram sem problemas pelo que elevou o moral e confianças das nossas tropas, as quais andavam receosas face aos comentários nefastos dos civis locais.
Em Ambriz, tratou-se febrilmente dos preparativos para a "Grande Arrancada", como haveria de ficar conhecida em filme a partir das reportagens da equipa da RTP constituida pelo jornalista Neves da Costa e operador de imagem Serras Fernandes, que nos acompanharam em todo o percurso até Nambuangongo.
Fez-se o reconhecimento aéreo do terreno e uma operação experimental de reconhecimento com um pelotão do 149 e outro da Comp.ª de Artilharia nº 119, aquartelada em Ambriz desde Maio de 1961, conhecedora do terreno, que regressaram sem problemas pelo que elevou o moral e confianças das nossas tropas, as quais andavam receosas face aos comentários nefastos dos civis locais.

A nossa tropa regressou apreensiva e receosa do que lhe reservava tal operação, pois se, logo ao primeiro contacto com o inimigo, regressava com camaradas estendidos a escorrer sangue à vista.
Imprevisível, mas com mente de professor de estratégia e táctica da Academia aliada à sua natural intuição e pensamento de como lidar com tal guerra à lusitano Viriato de bate e foge(*), o Capitão Comandante, imediatamente ordenou que o mesmo Pelotão se refizesse e regressasse de novo ao mesmo local fazer a exploração do sucesso anterior consolidando a victória do combate e demonstrando ao inimigo que tinha pela frente uma tropa sem medo.
Após alguma controvérsia para convencer o Alferes Ribeiro de Carvalho, um dos mais jovens militares do Esquadrão e estudante de direito, sobre tal visão militar, este aceitou a decisão e cumpriu e executou integralmente a ideia militar e psicológica que o Comandante pretendia dar ao inimigo.
Foi ao Alferes Ribeiro de Carvalho que coube a heróica missão de abrir a porta da guerra, avançar directo ao inimigo e bater-se com ele sem ceder, apesar de iniciado e ter homens seus feridos a escorrer sangue à sua frente.

A introdução dessa vantagem do estado de espírito, vontade e prontidão das tropas para enfrentar o combate é tarefa do Comandante. Isso ficou claramente provado com o episódio de Cavunga.

Pela 05 horas da manhã de 26Jul61, o total do Esquadrão saiu do Ambriz em direcção ao Cavunga onde se reuniu com o 3º Pelotão às 08 horas.
Todo o Esquadrão reunido progrediu até Quimbumbe, após alguns ataques e fogos de capim ateados pelo inimigo. Aqui estabelecemos o acampamento e respectivos dispositivos defensivos da Tropa acampada.

Finalmente a ordem foi de deixar malas e levar a roupa imprescindível na mochila. Andámos dois meses sem o empecilho de malas, já nos bastava os constantes ataques e consequentes saltos imediatos e de roldão pelo jipão abaixo, o que com o jipão atafulhado de malas e bagagens, nos atrapalharia e tornaria alvos mais fáceis.
Só voltámos a ver as malas meses depois e após alguns banhos e lavagem de roupa, em pelo, nalguma paragem junto de rio ou ribeiro.

(*) - Uma das críticas que o Cap. Rui Abrantes fazia sobre a operação "Viriato", aquando das nossas conversas posteriores em momentos de confraternização do Esquadrão, era precisamente o facto do Comandante do Bat. 114 não ter sabido explorar a batalha travada em Anapasso, onde tivera vários mortos num ataque em massa do inimigo.
Se em vez de parar e se ficar acantonado a pedir reforços, tivesse reunido forças e avançado rapidamente sobre o inimigo não permitindo a sua reorganização, este, desbaratado, destroçado e desorientado face à derrota e perante dezenas de mortos nesse confronto, e dada a superioridade do armamento sobre o do inimigo, constatado nesse combate, o Bat. 114 teria chegado a Nambuangongo, sem parar, numa semana.
Se em vez de parar e se ficar acantonado a pedir reforços, tivesse reunido forças e avançado rapidamente sobre o inimigo não permitindo a sua reorganização, este, desbaratado, destroçado e desorientado face à derrota e perante dezenas de mortos nesse confronto, e dada a superioridade do armamento sobre o do inimigo, constatado nesse combate, o Bat. 114 teria chegado a Nambuangongo, sem parar, numa semana.
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1961, 26 de Julho, 5 horas da madrugada,
o Esquadrão estava disposto na picada
que ia para Cavunga, Quimbumbe, Zala.
Aguardava impaciente ordem definitiva de abalada
do Comandante Capitão.
Pois já se passara horas no carrega-mala, deixa-mala,
arranca-não-arranca, abala-não-abala
deixando a Tropa nervosa, que comenta e resmunga
àcerca do que se passara com o 3º Pelotão
enviado de novo para ocupar Cavunga,
depois de deixar os feridos ao cuidaddo dos Doutores.
Eram rumores, não houvera divergências no Comando,
fôra apenas acertos nos preparativos e na logística
segundo os Alferes que chegam e vão dando
ordem de preparar motores.
Por fim aparece o Capitão, sorridente e pronto,
confiante em pose histórico-militar-artística,
e como se estivera já em pedestal
levanta o braço e aponta ao encontro
do objectivo final.
Às 5 horas da madrugada, em ponto.
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Do livro "Esquadrão 149 - A Guerra e os Dias" de José Neves
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