O Chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, não pode desconhecer as condições que levaram os jovens desse tempo, nosso tempo, a embarcar em navios superlotados de homens e tarimbas-cama de palha, para sofrer os perigos de morte e agruras de uma guerra a milhares de quilómetros de sua Pátria e familiares.
Os jovens desse tempo, nosso tempo, não foram para a guerra desprendidos e empenhados em missões e causas essenciais ao futuro do país, mas sim enviados obrigados a bater-se por causas de sobrevivência e honestidade individual, para além de uma vaga ideia de defesa da Pátria incutida pela informação oficial da ditadura. Eram, na maioria, jovens rurais simples e puros aldeões sem ideais de glória, enviados à força sem possibilidades de recusa o que levou a deserções e emigrações "a salto" para fugir à "guerra do ultramar".
Porque, lembro, nessa guerra os jovens caídos em combate eram enterrados à sombra de algum imbondeiro no mato, visto a Força Aérea, estar proibida de transportar mortos. Na realidade, os jovens cumpriram a sua parte mais que o dever impunha e honraram-se, mas ao governo da guerra apenas interessou a prestação dos sofrimentos e sacrifícios, para de imediato abandonar os sacrificados, sem cuidado nem honra.
E que não eram causas essenciais provou-o o facto de, após 9000 mortos e muitos mais feridos física e psicologicamente, tudo ter acabado, e tanto sangue e sacrifício dispendidos com entrega e abnegação, terem servido para nada.
Senhor Presidente, incentivar, os jovens de hoje, com o exemplo dos jovens forçados a suportar uma guerra, só pode alertar negativamente a actual juventude. Não é o tempo nem o caso justificava exortações de comportamentos guerreiros aos jovens de hoje. Foi um equÍvoco do Presidente e um mau recado para os jovens actuais.
Os jovens desse tempo, nosso tempo, não foram para a guerra desprendidos e empenhados em missões e causas essenciais ao futuro do país, mas sim enviados obrigados a bater-se por causas de sobrevivência e honestidade individual, para além de uma vaga ideia de defesa da Pátria incutida pela informação oficial da ditadura. Eram, na maioria, jovens rurais simples e puros aldeões sem ideais de glória, enviados à força sem possibilidades de recusa o que levou a deserções e emigrações "a salto" para fugir à "guerra do ultramar".
Porque, lembro, nessa guerra os jovens caídos em combate eram enterrados à sombra de algum imbondeiro no mato, visto a Força Aérea, estar proibida de transportar mortos. Na realidade, os jovens cumpriram a sua parte mais que o dever impunha e honraram-se, mas ao governo da guerra apenas interessou a prestação dos sofrimentos e sacrifícios, para de imediato abandonar os sacrificados, sem cuidado nem honra.
E que não eram causas essenciais provou-o o facto de, após 9000 mortos e muitos mais feridos física e psicologicamente, tudo ter acabado, e tanto sangue e sacrifício dispendidos com entrega e abnegação, terem servido para nada.
Senhor Presidente, incentivar, os jovens de hoje, com o exemplo dos jovens forçados a suportar uma guerra, só pode alertar negativamente a actual juventude. Não é o tempo nem o caso justificava exortações de comportamentos guerreiros aos jovens de hoje. Foi um equÍvoco do Presidente e um mau recado para os jovens actuais.
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