terça-feira, 23 de junho de 2015

CONFRATERNIZAÇÃO DO ESQUADRÃO 149 NA COVILHÃ, 1997 (Discurso do Cor. Ruben)

Nesta confraternização não puderam estar junto a nós os dois Comandantes do Esquadrão, respectivamente o Cor. Nosso Cap. Rui Abrantes nem o Cor. Nosso Cap. Faria Fernandes e também o Nosso Ten. Médico Dr. João Alves Pimenta.
Respeitando a hierarquia, segundo a regra militar, tomou a palavra o Cor. Nosso Alferes, Ruben Domingues, Comandante Adjunto, para nos dirigir umas palavras de recordação acerca do que foi o Esquadrão 149, sua primeira Unidade e pia baptismal de guerra; falou sentidamente emocionado pela experiência vivida no centro da guerra entre nós que considerou única como escola de virtudes militares e formação de camaradagem e amizades indestrutíveis sob fogo e constante perigo de vida.


..................................................................................

Dos Oficiais de um só galão
havia o Comandante imediato
que era militar de carreira.
Era o adjunto do Capitão,
não tão austero no trato
e capaz de uma brincadeira
com os jovens Soldados
que eram da sua juventude.
A sua principal virtude
face a perigo de dar brados
era uma enorme bravura
feita daquela mistura
de coragem e foiteza
que lhe deu a natureza.
...................................................................................
Do poema "Os Intérpretes" do livro "Esquadrão 149, A guerra e os Dias" de Jose Neves.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

ESQUADRÃO 149 - 25 ANOS DEPOIS (Discurso do Dr. J.A.Pimenta)


O Esq. Cav. 149, mobilizado em Maio de 1961 e constituído sob o pendão do Reg. Cav. 7 e Comando do Cap. Cav. Rui Coelho Abrantes, foi enviado em Missão de Serviço para Angola ainda no mesmo ano.
Embarcou em Lisboa, no paquete Vera Cruz, a 27Jun61 e aportou em Luanda em 07Julh61. Constituída como Unidade de Reforço tinha o estatuto de Unidade independente e um efectivo de 172 militares.
Como Unidade de reforço às ordens do Comando de Sector 3 (Fazenda Tentativa) participou em dezenas de Operações de tomada de território ocupado pelo inimigo das quias se destaca a Operação Viriato, na qual foi uma das três colunas militares intervenientes na Tomada de Nambuangongo, quartel general do inimigo.
Após uma comissão de serviço de 27 meses sempre na ZIN, Zona Intervenção Norte regressou a Lisboa em Outubro de 1963.
25 anos depois, a quase totalidade de combatentes do Esquadrão, reuniu-se para confraternizar em Lanceiros 2, Unidade herdeira do Reg. Cav. 7 entretanto extinta, em 15.10.88 para comemorar os 25 anos da chegada a Lisboa e reencontro com pais e mães, esposas e filhos, amigos e namoradas todos envolvidos em alegria de abraços e lágrimas.
O presente filme, ainda filmado e realizado muito artesanalmente, mostra como foi esse encontro e, especialmente o, espiritual e moralmente revigorante, discurso do nosso Médico de Missão, Dr. João Alves Pimenta.



.................................................................................
Foi a 30 de Setembro de 1963
que a tropa do império portugês
embarcou em Luanda, contente
de deizar a guerra para trás
sãos e salvos, com vontade e capaz
de lutar à civil no Continente.
No barco havia festa no ambiente
havia conversas e sorrisos
havia sonhos em soltura
havia planos de vida futura
havia recomendações e avisos
havia trocas de moradas
havia abraços fortes leais
havia irmãos mães e pais
havia mulheres e namoradas
havia lágrimas e beijos no cais
havia perdas trágicas e fatídicas
havia lembranças e idéias
havia dois anos de odisseias
havia o regresso às suas Ítacas.
Havia na consciência imprimida
"dever cumprido" e força de vida.

A 10 de Outubro de 1963
toda a tropa sobe ao convés
tentar ver entre a neblina
barra margens e o Rio,
colinas torres e o casario
da branca luminosa pombalina.
O coração fez-se fole de concertina
a branca desfez-se em côres
do cais nasceram silhuetas
destas brilhavam olhos em setas
voando de amores para amores.
Trocaram-se beijos abraços choros
trocaram-se farpelas, fez-se a muda,
ex-Soldados aos grupos aos coros
cantavam "vivas à peluda".  
.........................................................
Do poema "A Peluda" do livro "Esquadrão 149, A Guerra E Os Dias" de Jose Neves

 .............................................
Se o Capitão foi o grande estratega da arte militar,
o Tenente é quem cuida, trata, sossega
e mantém a unidade familiar
com suas qualidades e exemplo ímpar
de homem bom e íntegro:
fazendo de médico militar competente
fazendo de médico civil sendo Tenente
fazendo de parteira nas sanzalas do perímetro
fazendo a cada Soldaddo de seu chefe de família
fazendo de Capelão sem missa nem homília
fazendo de médico dedicado das popuçações pretas
fazendo de médico de almas as quais trata
fazendo de psiquiatra
fazendo de cirurgião com garrotes e lancetas
fazendo frente à morte com um sorriso
fazendo frente às emboscadas e armadilhas
fazendo de médico, enfermeiro e pastilhas
fazendo de feiticeiro se fosse preciso.
Fazendo-se homem respeitado e de bem
foi, para todos, a nossa mãe.
.............................................
Do Poema "Os Intérpretes"do livro "O Esquadrão 149, A Guerra e os Dias" de Jose Neves