domingo, 28 de julho de 2013

ELVAS, FORTE DA GRAÇA OU DA 'BARRILADA'

O Sargento LAÇO foi comandante de Secção do 3º Pelotão do Esq. Cav. 149 entre 1961 e 1963 em Angola.
Fez parte dos heróis do Esquadrão que abriram as portas da guerra. Na Madrugada de 25Jul1961 o 3º Pelotão é enviado de Ambriz para explorar o caminho do nosso itinerário para Zala-Nambuangongo afim de conhecer as dificuldades de progressão e sobretudo testar a presença e capacidade de reacção do inimigo.
Ao fim de 53 kms percorridos, na área de Cavunga, os homens do 3º Pelotão são surpreendidos por um forte ataque do inimigo escondidos na mata da berma da picada armados de canhangulos.
Em Cavunga, a cerca de 150 kms o inimigo montara a sua primeira defesa de Zala e Nambuangongo instalando ali uma guarda avançada aquartelada de centenas de homens. 
O 3º Pelotão comandado pelo Alferes Ribeiro de Carvalho, o mais jovem dos Alferes e até da maioria dos seus Soldados, embora inexperiente e vendo-se de repente com 5 homens feridos, não se ficou ou amedrontou reagindo com fogo cerrado das Mauser sobre o inimigo. Obrigou-o a debandar pelos carreiros da mata e abandonar o quartel onde foi encontrada vária documentação com informação militar importante.
Na 1ª batalha travada na guerra a sério onde há quem morra e quem mate, quem tombe e quem escape, um dos intérpretes combatentes sem medo foi o Sargento LAÇO.
No dia 3Jul2013 fui visitá-lo a Elvas, sua terra natal onde apresentou praça e depois esteve muito anos em serviço nos quarteis da Cidade. Não há muito, o tempo quase lhe fez o que a guerra não conseguiu mas, temperado pela força de (L)aço rijo que foi o 149 e a guerra, resistiu e voltou a ter qualidade de vida.
Eu que em jovem ouvira falar do Quartel da "barrilada" em Elvas, falei-lhe acerca disso e que gostava de conhecer esse lugar mítico, que já perguntara como se ia lá mas houve até quem respondesse que o caminho não estava capaz ou já nem havia. O Laço levantou-se da cadeira e disse-me: queres lá ir agora?
E assim foi e fomos. O pequeno vídeo apresentado abaixo é o resultado dessa visita ao Forte da Graça ou da "Barrilada" como ainda é conhecido devido ao seu mito de Sisífo associado à sua condição de prisão militar.     
   


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Progrediram pelo terreno do inimigo até Cavunga.
53 quilómetros percorridos, sob um perigo que ocupa
a cabeça dos Soldados e todos os seus sentidos,
na tentativa de descobrir os homens escondidos
da UPA,
organização de prática tribalista que comunga
expulsar Portugal de Angola, nos combate,e era
sabido que estariam, emboscados, à nossa espera.
E em Cavunga dá-se o inevitável e receado contacto,
de Viriato.
Um frente-a-frente de facto
onde há quem morra e quem mate,
quem tombe e quem escape.
Felizmente, nesta batalha, passados os últimos
estampidos,
quando o fumo e o cheiro da pólvora ainda nos invade
contámos, entre os nossos, apenas cinco feridos,
sem gravidade.
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Extrato do poema  "O 1º Passo" do livro " Esquadrão 149, A Guerra e os Dias" de José Neves.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

SERRAS FERNANDES, NEVES DA COSTA VIVOS EM NOSSA MEMÓRIA SEMPRE

SERRAS FERNANDES, operador de imagem da equipa da RTP integrada no Esq.149 durante a arrancada para Nambuangongo em Angola, 1961.
Imagem de 13.10.2001 obtida na reunião do Esq.149 comemorativa dos 40 anos.


NEVES DA COSTA, jornalista chefe da equipa da RTP integrada no Esq.149 durante a arrancada para Nambuangongo em Angola, 1961.
Imagem de 13.10.2001 obtida na reunião do Esq.149 comemorativa dos 40 anos.

Soubemos no princípio deste ano do falecimento do SERRAS FERNANDES. Agora, inesperadamente, soubemos da má notícia do desaparecimento entre nós do NEVES DA COSTA.
Formaram a equipa da RTP integrada na coluna militar do Esq.149 dirigida a Nambuangongo. Entre o Ambriz e Nambuangongo foram nossos camaradas de guerra e que, tal como nós, correram perigo de morte e comeram a ração de combate e o pó da picada. Foram também heróis do Esq.149.

Admiradores da estratégia e qualidades de comando e militares dos Soldados da nossa Unidade tornaram-se nossos grandes amigos e nunca faltavam às nossas confraternizações anuais.
A eles deve o Esq.149 o Filme "Nambuangongo, A Grande Arrancada", que trata precisamente da história gravada ao vivo dos combates e progressão do Esq.149 desde o Ambriz até Nambuangongo.

Para Eles a certeza de que nós, os seus camaradas de guerra sobreviventes, não deixaremos de os manter vivos em nossas memórias.

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e recebemos em reforço, um Pelotão de Dragões
montados em Panhards, e para nos acompanhar
trouxe uma equipa de dois repórteres da RTP
armados de muita fita e câmaras de filmar
e medos e receios que ninguém vê.
(Iriam comer o pó connosco, em várias ocasiões)
Desde então, foram horas e horas de registo ao vivo
de tiros, feridos, mortos, medos, coragens
e feitos, feitas imagens
que são testemunhos em arquivo
à espera de poeira e serenidade.
Registos que fizeram do Esquadrão a estrela e o tema
do filme da nossa posteridade
gravado em celuloide de cinema.

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Do livro "Esquadrão 149, A Guerra e os Dias" de José Neves.