segunda-feira, 30 de novembro de 2009

DR. JOÃO ALVES PIMENTA IV


Foi ante-ontem, dia 28, no palácio D. Manuel em Évora, a apresentação pública do livro de M. Reis "Dr. João Alves Pimenta - Um Modo de Estar na Vida". Trata-se de um apanhado biográfico dos factos mais relevantes que "visa transmitir um conjunto de testemunhos sobre a vida de um Homem", como se diz no prefácio. E esse Homem é precisamente o Dr. João Alves Pimenta, o que foi o nosso Ten. Médico, amigo e irmão sempre presente, na guerra em Angola.









EM MEMINO COM OS PAIS
















COM A IRMÃ ROSÁRIO















COM OS PRIMOS

















RAPAZOTE ADOLESCENTE
















TEMPOS DE COIMBRA


















TEMPO DE TROPA
















TEMPO DE GUERRA
NO ESQ. CAV.ª 149








Após a recepção aos convidados, Ana Beatriz R. Ferreira leu um poema de M. Reis "Parar é Morrer", onde consta:
"...Procurou soluções p'ra situações desesperadas/Deu luta à morte sem tréguas e confortou corações".

Seguiu-se uma intervenção do Dr. António Santana Maia:
"...como diziam os romanos, o que não está nas actas não existe, o mesmo acontece hoje, só existe o que fica escrito, daí a importância deste livro na medida em que o Dr. Pimenta pela sua verticalidade e honradez, pela sua dedicação aos outros e à causa pública, é uma daquelas vidas que merece ficar registada para servir de exemplo a todos nós para mais num tempo tão carente de bons exemplos" .

E depois, uma intervenção do Dr. Sertório Leal Baraona:
"Falar do amigo Dr. Pimenta traduz para mim alguma inibição por não poder dizer algumas coisas que gostava de evidenciar. Uma delas, ou várias delas, seria enunciar em primeiro lugar, os defeitos do meu amigo Dr. João Pimenta. Só que não posso, não sou capaz, não sei como, sou ofuscado pela amizade e pela dimensão moral, intelectual e como médico deste cidadão livre que se estabeleceu em Évora há mais de quarenta e dois anos. E isto leva justamente a esta homenagem que é mais que merecida, é justa, e para além de justa, reflecte que ainda há cidadãos, como todos que aqui estão e muitos outros, capazes de renconhecer aquilo que é óbvio e evidente numa sociedade moderna. Temos que valorizar quem faz bem, quem é competente, quem arrisca a sua vida em benefício dos outros, que leva uma esteira de acção continuada de como médico, tendo como objectivo: o bem estar, a saúde e o futuro dos doentes. Sem sombras de dúvidas, e mais, e sem interesses pecuniários que alimentem a sua vida. Eu recordo, é um facto, que o Dr. Pimenta não cobrava consultas à maior parte das suas pacientes".

Houveram depois pessoas da assistência que quizeram prestar o seu testemunho e reconhecimento pessoal ao homenageado biogafado em livro pela sua vida exemplar de Homem que, como as árvores, sente o vento, acena mas nunca perde as raizes e sua verticalidade.
Entre essas pessoas falaram o Ex-Furriel Adolfo Contreiras que leu uma resenha do que está abaixo já publicado neste sítio. Outro elemento do Esquadrão 149 que interveio foi o Ex-Soldado Américo Nunes que afirmou(cito de memória):
"...Não fui para a guerra para ser herói nem me considero tal. Fui obrigado, contra vontade e passei mal de fadiga, alimentação, doenças e sobretudo corri perigos de morte constantes. Contudo, hoje reconheço que, apesar de tudo, só para ter conhecido, convivido e ter como amigo pessoas como o Dr. Pimenta valeu a pena ter estado lá, na ingrata guerra colonial".

























Falou ainda o Presidente do Município de
Évora para agradecer a honra que era para Cidade ter uma figura ilustre, pela postura cívica e qualidades profissionais e humanas, como a do Dr. João Alves Pimenta.





E por fim houve ainda lugar a um "Momento Musucal" a cargo da Tuna Académica da Escola Superior de Emfermagem de S. João de Deus de Évora, onde o Dr. Pimenta è professor.
Seguiu-se a indispensável recordação de marcar o livro com a estimada assinatura do autor.






























































































































sábado, 28 de novembro de 2009

DR. JOÃO ALVES PIMENTA III

DISCURSO DO DR. PIMENTA NOS 25 ANOS

Discurso do Dr. João Alves Pimenta perante os antigos militares e familiares do Esq. Cav.ª 149, pronunciado em Lanceiros 2, Lisboa, em 15 de Outubro de 1988, na confraternização comemorativa dos 25 anos do regresso de Angola.

Note-se como o Dr. com emoção sentida se dirige aos seus amigos com quem conviveu no mesmo sofrimento de agruras e dificuldades no perigo e privações do dia a dia de guerra sem quartel. Como nos indica que devemos ter orgulho, e não vergonha, na nossa passagem pela guerra e como esta, no nosso caso, foi uma escola para a vida tornando-nos mais fortes e melhor preparados para enfrentar as novas agruras da vida civil posterior. Como nos informa que não aceitou ir para promoção ao posto seguinte, capitão, para não deixar o Esquadrão e nos abandonar. Como nos atribui a todos a dignidade de termos pertencido a uma Unidade ímpar de heróis e se despede como Irmão.
Resta comentar que se o Esq. 149 foi o que foi, uma escola de Homens, a ele, que foi o seu melhor Professor e Mestre lhe devemos substancialmente.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

DR. JOÃO ALVES PIMENTA II


AO DOUTOR JOÃO ALVES PIMENTA E ESQUADRÃO 149 (x)

Eu fui, dado nunca ter sofrido “baixa” e o Dr. Pimenta me dar sempre como apto, o graduado que provavelmente em mais operações participou. Cumpri integralmente todas as instruções do Alferes Ribeiro, meu comandante directo, com a coragem e racionalidade necessárias para o bom desempenho das missões. Cumpri a tropa e a guerra sempre numa actitude de serviço e lealdade quer para superiores quer para subordinados. Nunca fui ferido mas fui muitas vezes atacado, o meu pelotão teve 3 baixas, 2 mortos e um evacuado, dois deles eram da minha secção. No Mucondo, o tiro que matou o Pires, valente e digno Soldado raso, foi dirigido a mim e só por erro e por milímetros falhou o alvo apontado. Por feitio e por consciência moral, sempre encarei o cumprimento do dever, mesmo sob risco, como mais um acontecimento da vida a enfrentar com normalidade, sem tremideiras a pensar no futuro. Contudo a visibilidade deste comportamento, que ainda hoje pratico e julgo correcto, nunca ultrapassou o espaço de opinião do meu pelotão. Quero dizer com isto que, durante a nossa guerra, fora do pelotão, ninguém deu pela cumpridora normalidade da minha presença, penso até que o Cap. Abrantes apenas soube que existia após as nossas primeiras confraternizações anuais e o Cap. Fernandes nem isso. Contudo, não estando eu em observação sob o olhar nem no espírito dos meus camaradas deu-me todo o tempo e liberdade para ser eu próprio o observador do comportamento humano dos nossos militares face à guerra, ao perigo, ao isolamento, tal como reflecti e descrevi no meu livro sobre o Esquadrão 149.

Mas sem dúvida o maior e melhor observador, com olho clínico, médico-psiquiatra para além do de zeloso pai e mãe da família acampada, foi o nosso inimitável e ímpar Dr. João Alves Pimenta. Aliás, a parte substancial das observações sob o estado físico e moral das tropas que refiro no meu livro, são de sua exclusiva autoria, retiradas do livro que escreveu sobre o percurso militar do Esquadrão. O Dr. Pimenta tinha, tem, todas as qualidades que descrevi acima como minhas, mas ele tem inúmeras mais, tantas que abarcam todos os caracteres humanos, em tal qualidade e perfeição que ultrapassa qualquer fasquia, numa disponibilidade e entrega total e sob uma honestidade e afabilidade inultrapassáveis. Ele foi o grande responsável pela boa saúde física, mental e moral da nossa Unidade, além de homem de elevada competência técnica, moral e intelectual posta ao serviço de todos igual. Pôs todo o seu saber e mestria, sem distinções, ao serviço de todos e imediatamente grangeou o respeito e admiração do Esquadrão, soldados e oficiais sem excepções, e deste modo todos confiassem nele como médico, mas sobretudo todos sentissem e confiassem nele como o pai, a mãe, o mestre ou o confidente.

O nosso Dr. Pimenta curou tudo o que havia para curar e salvou todas as vidas que era possível ainda salvar. No Quixico, durante uma noite inteira, operou com lancetas e garrotes à luz de gambiarra e salvou pernas e uma vida. Estando em Luanda accionou todos os meios necessários para, mal o Palhavã chegasse ao hospital, tudo estivesse a postos e salvou-lhe a vida. Em todos locais de acampamento habitados, foi médico dos indígenas igual como para a tropa e, alertado correu sempre, noite ou dia, para a cubata na sanzala para salvar mães e crianças de parto. A sua postura face aos feridos e doentes foi sempre de total abnegação e guerra feroz à morte. Só não curou os que lhe chegavam à mão já mortos, mas mesmo a alguns desses considerou-os vivos para que fossem transportados e sepultados em Luanda, para mais facilmente poderem ser resgatados depois os corpos.

Quem ler o meu livro com alguma atenção crítica, facilmente detectará ao longo de toda a narrativa, mas muito especialmente em alguns poemas, a existência de dois heróis acima de todos; o Cap. Rui Abrantes e o próprio Dr. Pimenta. O livro termina afirmando, como corolário do percurso e feitos militares do Esquadrão e consequentes constantes perigos e duros sofrimentos que passámos, ao longo de todo o tempo de guerra, que afinal todos foram merecidamente heróis. É verdade, mas a força de vontade, a força anímica, a coragem serena, a conduta cívica e militar exemplar existente no interior da Unidade, que conduziu ao comportamento heróico geral, teve a sua fonte, foi cultivada e tornada organizada e consistente por força da capacidade e exemplo destes dois heróis maiores. Ao Cap. Abrantes coube, e fê-lo magnificamente, ser o estratega militar da tropa, e como tal foi o pai da unidade militar dentro do Esquadrão, ao Dr. Pimenta coube, e fê-lo exemplarmente, ser o estratega da condição física, psíquica e moral da tropa e como tal foi o pai da unidade familiar dentro do Esquadrão. Deve-se ainda ao Cap. Abrantes, como comandante das tropas em guerra, o nosso agradecimento pelo facto de ter a visão e o tacto militar de ter percebido os dotes superiores ímpares do Dr. Pimenta, dando a este toda a liberdade para exercer o seu munus de pacificador de almas entre a tropa. Só pela conjugação e perfeita complementaridade das qualidades e acção destes dois homens, ainda para mais coadjuvados por um grupo de oficiais valorosos, valentes e inteligentes, que reconheciam nestes dois superiores, qualidades humanas extra de comando, chefia e exemplo, que por sua vez também souberam transmitir e incutir, sem baixar a qualidade, à boa massa humana de sargentos e soldados, foi possível atingir um grau de unidade, coragem e prontidão muito além do comum e normalmente visto noutras Unidades militares.
O Dr. Pimenta foi para nós, certamente, tudo isso que nós sentimos que Ele foi e muito mais coisas boas, face ao teatro de guerra e isolamento prolongado no mato rodeado de perigo de morte por todos os lados, mas sobretudo Ele foi sempre o nosso sábio Irmão Mais Velho.


Fomos para a guerra moços cheios de ingenuidade individual, e voltámos da guerra homens feitos cheios de humanidade solidária. Fomos para a guerra armados de inocente mentalidade guerreira, voltámos da guerra armados de uma consciente e firme mentalidade de força de paz e trabalho. Fomos para a guerra sem vontade e à força, voltámos da guerra com uma enorme força de vontade. Fomos para a guerra fracos, submissos e mal preparados, voltámos da guerra mais fortes, mais sábios e lutadores vivos. Fomos para uma guerra suja como são todas as guerrilhas, fomos sempre apenas e só militares e voltámos limpos e de consciência tranquila. Tudo isso devemos á sorte de ter pertencido a uma Unidade Militar, chefiada por tais condutores e educadores de homens, sem imposições e violências de galões.
Só para ter conhecido e recebido formação de homens assim, foi uma honra enorme ter pertencido ao Esquadrão de Cavalaria 149. Eu tenho orgulho de ter sido furriel miliciano, combatente do Esquadrão de Cavalaria 149.



(x) - Lido no almoço de confraternização e homenagem ao Dr. João Alves Pimenta em Évora,13.10.2007 pelo autor,

Adolfo Pinto Contreiras
Furriel miliciano do Esq.149

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

DR. JOÃO ALVES PIMENTA

UM MODO DE ESTAR NA VIDA

Todos nós do Esquadrão de Cav.ª nº 149 que tivemos o privilégio de conviver de perto e intimamente na dura prova dos nove que é a perigosa situação de guerra com o, na altura, Ten. Mil. Médico Dr. Pimenta, jamais pode olvidar o Homem superior que sob a farda militar foi o nosso médico, psicólogo, pai, mãe e irmão mais velho a toda a hora. Aquele que, quer sob as balas do combate na picada quer na paz e sossego aparente do acampamento, nunca faltou no momento de socorrer em cima do acontecimento os feridos ligeiros e graves em combate. Sem medos ou exigências de protecções especiais: o sentido do dever de socorrer e tentar salvar foi sempre o impuso primeiro, institivo, demonstração de elevada entrega e nobreza de carácter.

Sem nunca despir a farda foi sempre Homem e Médico antes de ser militar e acima de tudo. Assistiu sempre com igualdade e a mesma dignidade os militares do Esquadrão como assistiu, tratou e medicou os nativos locais. Sem medo de emboscadas ou armadilhas deslocou-se às povoações e sanzalas para socorrer acidentados, doentes graves ou mães pretas grávidas em parto para tratar e salvar vidas. Substituiu o falecido Delegado Médico no Caxito e todos os dias deu consulta aberta a todos os nativos sem excepção, recebendo e tratando diariamente dezenas de feridos e doentes.
Se o capitão Abrantes foi o grande herói militar o Dr. Pimenta foi o grande herói da paz e unidade familiar no interior do Esquadrão. Foram ambos, os dois Grandes Homens que, embora de formação profissional e humana bem dissemelhantes, formaram uma dupla de entendimento e Comando que elevou a níveis inimitáveis a capacidade e qualidade do Esquadrão 149.

Quem acompanhou minimamente a sua posterior carreira civil sabe que, tal como já provara na guerra perante os Homens do Esquadrão 149, enfrentou a sua vida profissional com a mesma actitude de carácter ímpar e impoluto, sempre mais dedicado ao outros do que a sí próprio. Não foi por acaso que, imediatamente ao 25 de Abril, foi designado por escolha das forças vivas locais para ser o 1º Governador Civil de Évora em Democracia.
Desde sempre, os princípios deontológicos coincidiam, ou ficavam àquem, dos seus princípios éticos ontológicos, pelo que, fiel a sí próprio, haveria sempre de alguma vez chocar-se com alguns de formação rasteira ou politiqueira. A vida acabou sempre por dar-lhe mais razão a ele que aos outros, pelo que hoje vive rodeado de amigos e até as poucas inimizades contraídas já se renderam à grandeza humana do Dr. Pimenta. E isso porque, também ele, o Dr. Pimenta, mesmo a esses que o contradisseram sem razão, nunca lhes quiz mal algum. Como é timbre dos Homens Bons.


UMA JUSTA E MERECIDA HOMENAGEM

Sábado, dia 28 de Novembro de 2009, pelas 15,30H, no Palácio D. Manuel em Évora, uma justa e merecida homenagem vai ser prestada ao Dr. João Alves Pimenta, com o lançamento do livro "DR. JOÃO ALVES PIMENTA - UM MODO DE VIDA", da autora Maria Reis, sua companheira dedicada.

E estamos em total acordo de sentimentos com a autora quando nos diz que o fez "por uma questão afectiva e de justiça porque acho que o Dr. , pela postura que sempre teve para com os que dele precisaram e continuam a precisar, merece que fique um registo da sua passagem por esta vida".




HOMENAGEM DO "MEMÓRIA 149"

Nós, "Memória 149", morada dos combatentes que foram privilegiados pela inesquecível companhia e ajuda médica e humana do Homem limpo e inteiro que foi e é o Dr. João Alves Pimenta, associamo-nos de alma e coração a esta homenagem simples de acordo com a simplicidade da grandeza do homenageado.
E reproduzimos o poema que no livro"Esquadrão 149 - A Guerra e os Dias", conta o episódio ocorrido no ataque à frente da coluna quando nos deslocáva-mos no Quixico, entre Nambuangongo e Quipedro, e o Dr. se viu confrontado entre o risco de morte pelo caminho por demora até Luanda ou operar ali mesmo um ferido grave a esvair-se com uma perna desfeita.




OPERAÇÃO FRONTAL II

A palavra e o conhecimento, por sí só, não faz o homem,
são as suas acções que o definem e confrontam,
as suas qualidades que o abaixam ou o alevantam,
as suas actitudes que o escondem ou o descobrem
quando nos momentos necessários, decisivos, apontam
o dever e agem a bem dos outros, que ajudam e socorrem.
Explico,
Face à impossibilidade de proceder à evacuação
aérea dos feridos, sobretudo o grave que não aguenta
perder mais tempo, a equipa do Dr. Pimenta,
reúne todos os limitados meios que tinha à mão
e resolve operar ali mesmo no Quixico.
Foi uma noite inteira sem descanso cirurgiando
à luz deficiente de uma gambiarra
utilizando meios rudimentares.
Mas a vida e a perna ficaram nos seus lugares
devido à vontade e determinação do Dr. que as agarra
e devolve ao Soldado, donde se estavam escapando.
Bem haja abnegada gente que com garrotes e lancetas
evitaram mais um português morto, ou de muletas.



quarta-feira, 11 de novembro de 2009

149, OS DOCUMENTOS DE HEROICIDADE

QUADRO DE HONRA
CONDECORAÇÕES














Cap. Cav.ª Rui Coelho Abrantes, Medalha de Cruz de Guerra de 2.ª Classe.





























Ten. Mil. Médico Dr. João Alves Pimenta, Medalha de Prata de Serviços Distintos com Palma.








Alferes de Cav.ª Ruben de Almeida Mendes Domingues, Medalha de Cruz de Guerra de 3ª Classe.

























Alferes Mil. de Cav.ª José Manuel Júdice Pontes, Medalha de Cruz de Guerra de 3ª Classe.














2.º Sarg. de Cav.ª Avelino José Leitão, Medalha de Mérito Militar de 4ª Classe.

















2.º Sarg. Cav. Manuel de Sousa, Medalha de Mérito Militar de 4ª Classe, a título póstumo.


















Fur. Mil. Cav.ª Eduardo José Valença Baptista, Medalha de Mérito Militar de 4ª Classe.












1.º Cabo nº 20/61, Florentino Ferreira Cardoso, Medaçha de Cruz de Guerra de 4ª Classe.

















1º Cabo n.º 17/60, Manuel Bonifácio Charneca Travessas, Medalha de Cruz de Guerra de 4º Classe.

1º Cabo nº 55/60, Martinho António Pavia Albano, Mdelha de Cruz de Guerra de 4º Classe.






1º Cabo nº 248/61, José Augusto Sabino, Medalha de Cruz de Guerra de 4ª Classe.

Soldado nº 116/61, José da Conceição Matias, Medalha de Mérito Militar de 4ª Classe.

















Soldado n.º 267/61, Joaquim Ferraz de Aguiar, Medalha de Mérito Militar de 4.ª Classe, a título póstumo.

















Estes foram os heróis notáveis maiores nomeados e condecorados do Esq. Cav.ª 149 que, por actos de valentia e dádiva, se elevaram ao cume e foram cabeça do corpo heroico constituido pelo conjunto de todos os Homens do Esquadrão, do qual o tronco braços e pernas, igualmente constituido por heróis invulgares, tornaram esta Unidade única e incomparável.


O livro "Esquadrão 149 - A Guerra e os Dias" de José Neves, depois de nomear os heróis notáveis, termina dizendo:

Aos restantes Sargentos, Furrieis, Cabos e Praças
que constituiram o grosso do Esquadrão
e atravessaram cacimbos, chuvas, luas e sóis,
emboscadas, combates, feridos, desgraças
sem conta, sem roupa, sem água, sem pão,
sem sono, sem casa, sem cama e sem lencóis,
sem revolta, sem choros e sem queixume,
só uma palavra os resume:
heróis.



segunda-feira, 9 de novembro de 2009

149, OS DOCUMENTOS DE SANGUE

OS SACRIFICIADOS

Quiz o regime da altura que, teimosamente foi rejeitando todas as possíveis iniciativas e ofertas de paz pelo diálogo, fossem enviadas à força e rapidamente Tropas em massa para preservar Angola, a jóia da corôa do que restava do Império Ultramarino, bárbara e ferozmente atacada em Março de 1961.

Mal preparados, metidos num terreno desconhecido e analfabetos acerca de guerra de guerrilha, só a nossa longa e histórica experiência de capacidade de adaptação e improvisação às dificuldades, aliada à clarividência do Comando, bravura e coragem dos nossos Soldados, valeu ao Esq. 149 não contar um maior número de baixas. Foi a decisão do Comando, após astuta análise do comportamento do inimigo nos primeiros dias de guerra, de avançar sem parar noite e dia sem estacionar, atacando e não deixar-se atacar, numa estratégia de antecipação, que impediu emboscadas e evitou mais feridos e baixas na nossa Tropa.

Mas a guerra caracteriza-se por ser o lugar onde se ensina a matar e numca a morrer, o lugar onde se ensina a matar para não ser morto. E metidos nela somos necessáriamente obrigados a praticar tal qual nos ensinam ou pagamos com a vida. Contudo o inimigo ensina o mesmo aos seus combatentes e então a guerra torna-se o lugar onde todos se defendem matando. O ensino da guerra apela ao homem primário e a prática da guerra leva ao comportamento por instinto.

Nesta luta de vida e morte feita institivamente é inevitável não surgir o estilhaçar dos corpos, o jorrar do sangue quente, o escapulir-se da vida pelos buracos das balas, das granadas dos acidentes, e o ser-se cadáver de repente.
Tanbém no Esq. 149 aconteceu e houve de tudo isso e, ao fim de três meses e depois de Nambuangongo, Quipedro e Quissacala (Pedra Verde), com travessia do rio Dange em jangada construida no local com paus, arames, lianas e bidons velhos, a Unidade tinha cinco baixas: três mortos e dois feridos graves evacuados. E ao fim de dezoito mêses tinha o Esquadrão 149 completado o seu contributo de sangue com uma funesta lista final de cinco mortos, dez feridos graves evacuados e tinta feridos ligeiros:

- Mortos,
2.º Sarg. de Cav. Manuel de Sousa
2.º Sarg. de Cav. Paulo António Neves Mota
Soldado nº 134/60, José Manuel Vicente Pires
Soldado nº 267/61, Joaquim Ferraz de Aguiar
Soldado nº 291/61, António de Oliveira Gaspar




Todos estes, heróicos tombados de guerra e contributo de vida em nome de valores patrióticos considerados correctos na altura, e com maior merecimento ainda se, puros simples e inocentes, lutaram e deram a vida enganados julgando bater-se por uma causa justa, estão inscritos e imortalizados na pedra do Memorial dos Combatentes.
A todos sem excepção podemos dizer, como Péricles, no elogio fúnebre aos primeiros mortos na guerra do Peleponeso:
"Por esta oferta das suas vidas, feita em comum por todos eles, cada um, individualmente, recebe o quinhão de fama que nunca envelhece e, por sepultura, não tanto aquela onde os seus restos mortais estão depositados, mas no mais nobre memorial, no qual a sua glória repousa, para ser eternamente lembrada em cada ocasião em que acontecimentos ou palavras propiciem a sua comemoração. É que os heróis têm a terra inteira como sepultura, e não apenas no território onde a coluna com o seu epitáfio os recorda".

- Feridos graves, evacuados,
Fur. Mil. de Cav. Waldemar Isaías Cabaço Milho
Fur. Mil. Cav. António maria Palhavã Rodrigues Pinto
Soldado nº 52/60, Victor Manuel Carigos Garcia
Soldado nº 92/60, Manuel da Fonseca Pestana
Soldado nº 255/60, José Manuel Ferreira
Soldado nº 65/61, Manuel de Jesus Moita
Soldado n 260/61, Manuel Carvalho dos Santos
Soldado nº 271/61, António Mendes Gomes
Soldado nº 273/61, Francisco C. Gonçalves
Soldado nº 280/61, António Maria Antunes

No livro "Esquadrão 149 - A guerra e os Dias", José Neves refere-se assim relativamente aos que não regressaram no poema "A Resposta do Céu".

Vencidos mortais paludismos,
febres, diarreias, terrorismos,
sedes, fomes, abatizes, ardis,
balas, canhangulus, estilhaços,
catanas, feridos e inchaços,
água podre dos cantis
enchidos nos charcos,
travessias de rios sem barcos,
matacanhas, mosquitos febris,
ravinas, morros, matas, capim,
terras de ninguém sem fim,
medos longos medos extremos,
medos frios medos quentes,
sobrevivemos,
somos os ex-combatentes.

E os caídos não sobreviventes,
os que foram e não voltaram,
os que deram cara e tombaram
os que apenas foram sementes
estéreis, infecundas,
os eleitos das injustiças,
os nomeados nas missas,
os esquecidos nas fundas
gavetas dos arquivos,
os registados a letras pretas
no mármore e nas cadernetas,
os que são lágrimas dos vivos,
os que são ossos, nomes, resumos,
os tombados indevidos,
os que são parada de abatidos,
os que são heróis póstumos?

Foram e ficaram terra e humus
dos imbondeiros,
foram heróis herdeiros
dos seus próprios consumos;
o Sousa caído com a arma na mão,
o Mota vítima do Diabo feito cão,
o Aguiar trespassado de lés-a-lés,
o Pires sangrando miolos no chão,
o Gaspar no Dange pasto de jacarés.
Na hora do regresso da Unidade
às cinco faltas à chamada
respondeu o Céu: «justificada,
são nossos hóspedes à eternidade
no Céu e na Terra serão saudade».


Se o homem é a medida de todas coisas, a guerra é a medida de prova do homem.